A poesia que derrama
da ponta de meus dedos
não tem truques
nem segredos
A poesia me atravessa
que poeta é ser
intangível
A poesia espreita sobre a pele
e sob a pele se entranha
transita em átomos, moléculas
e sai num sopro
incontinente como o respirar
de um afogado
A poesia independe
tem seu próprio juízo
e marcha resoluta
para onde bem quer
e não serei eu a reles poeta
a ousar indicar seu fim
A poesia escreve a si mesma
apesar e através de mim.